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Ouro & Mercúrio: “venenos” da alma e da vida.

Atualizado: 26 de abr. de 2021

De que forma esses metais dominam e destroem a vida em nosso planeta?

Para que ou a quem servem?


XAVIER, Josilda B.L.M. [1]


O ouro é um metal muito cobiçado pelos humanos, principalmente aqueles que fazem parte da elite (1%) econômica mundial. Devido a suas características físico-química, o ouro possui uma variedade de aplicações, entre as quais, é possível citar: usados em computadores, comunicações, naves espaciais, motores de reação na aviação, e em diversos outros produtos; empregado para o recobrimento de materiais biológicos, permitindo a visualização através do microscópio eletrônico de varredura (SEM); utilizado como cobertura protetora em muitos satélites porque é um bom refletor de luz infravermelha; etc. (WIKIPEDIA, s/d), além de joias.


Entretanto um de seus principais usos, talvez o mais importante e impactante na vida da população mundial, e que não devemos esquecer, é o uso do ouro por governos e investidores como sendo “Reserva de Valor mundialmente reconhecida” (UOL ECONOMIA, s/d), sendo, portanto, moeda de “barganha” imperialista.


Além do seu alto valor de mercado, o ouro tem uma simbologia que, há milênios, faz com que os humanos, ao longo da História, tenham promovido as chamadas “corrido do ouro”, inclusive atualmente, diante da crise do capitalismo, aprofundada a partir da pandemia COVID-19. As simbologias que impregnam o ouro, transformando-o em um mineral muito cobiçado, são: “símbolo de pureza, valor, realeza e ostentação; é usado como símbolo do Sol; e muitas competições premiam o vencedor com medalha de ouro” (WIKIPEDIA, s/d), como indicação de superioridade em relação aos outros competidores.


Desse modo, questões simbólicas e de mais valia (capitalismo) em relação ao ouro, são as molas propulsoras que fazem os humanos usarem todos os recursos possíveis (tecnológico, econômico, político e humano) para terem acesso à maior quantidade desse precioso metal.


No Brasil, a “corrida do ouro” está ainda mais acirrada a partir da assunção do atual “governo” federal em 2019, principalmente no que se refere a mineração em território indígena, constitucionalmente protegido. Para tanto, o governo federal, encaminhou para o Congresso Nacional “o projeto que regulamenta a exploração de terras indígenas (PL 191/2020), indo ao encontro de declarações recentes do presidente da República, Jair Bolsonaro, que defende o aproveitamento econômico desses territórios” através da “mineração, turismo, pecuária, exploração de recursos hídricos e de hidrocarbonetos” (SENADO, 2020).


Economicamente, a extração de ouro beneficia os países ricos e seus investidores/financistas, dando-lhes cada vez mais, maior poder e domínio perante os países pobres ou em “desenvolvimento” e sua população.


Ambientalmente, a extração de ouro é uma agressão imensurável ao nosso planeta, causando à saúde humana e planetária, danos irreparáveis.


A forma mais barata e, portanto, mais usada na extração de ouro, é com o uso de outro metal, o mercúrio, cujas características, “capacidade de se unir a outros metais e formar amálgamas, o que é fundamental em garimpos, onde os minúsculos grãos de ouro precisam ser separados dos sedimentos dragados de leitos de rios ou da terra escavada” (FONSECA, 2013), permite a mineração em larga escala.


É importante destacar que “os garimpos em pequena escala são a segunda pior fonte de contaminação por mercúrio, atrás, apenas, da queima de combustíveis fósseis; e que, apesar de altamente tóxico, é fácil comprar mercúrio e o mercado internacional é, em grande parte, desregulado e sem fiscalização” (ECODEBATE, 2009). Outra questão a ser lembrada e considerada é que, além de ser usado na mineração, o mercúrio também está presente na composição de agrotóxicos que são usados em larga escala pelo agronegócio e produtores agrícolas em geral.


Portanto não é possível ignorar o alto nível de toxidade do mercúrio sobre o ambiente e a saúde humana e planetária, provocado pelo acúmulo desse metal no solo, lençóis freáticos, rios e oceanos e, inevitavelmente, nos alimentos que ingerimos (verduras, frutas, carnes, peixes etc.) e no corpo humano. “Os compostos de mercúrio conseguem atingir o cérebro e são de difícil eliminação, o que leva à bioacumulação desse metal e a alteração do funcionamento normal das células no sistema nervoso”, explica Carla Scorza, pesquisadora do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Unifesp (ECO DEBATE, 2020).


“Dejetos ricos em compostos de mercúrio, como os encontrados em desastres ambientais como o de Mariana (MG), ao atingirem os rios acabam por se acumular em peixes e outros animais desse ecossistema. Dessa forma, populações ribeirinhas, que têm na pesca sua principal fonte de alimentação, acabam mais expostas a esses metais”, explica Leandro F. Oliveira, pesquisador do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Unifesp, e, do mesmo modo, também sofrerão as populações indígenas que poderão ver seus territórios invadidos por mineradoras, em busca de ouro, como pretende o PL 191/2020 (genocida!?), que está tramitando no congresso.


A exposição acima é um convite à comunidade acadêmica a estar atenta às ações nocivas do atual governo, de modo que sejam realizadas pesquisas nas diversas áreas afetadas (ambiental, saúde, social, sustentabilidade etc.) e posterior divulgação dos dados emergidos das investigações, para que a população tenha acesso às informações e, com isso, possa atuar perante a representação política no Congresso, tendo como alvo os vetos aos projetos de leis e/ou decretos que possam afetar gravemente a relação homem-ambiente-saúde-homem.




[1] Docente do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNEB/DEDC/CAMPUS VIII. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0838920937933125



REFERÊNCIA


CAMPOS, Matheus; DANA, Denis. Pesquisa da Unifesp revela impacto da exposição ao mercúrio na memória de longa duração. ECO DEBATE. Site de informações, artigos e notícias socioambientais. 17/02/2020. Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2020/02/17/pesquisa-da-unifesp-revela-impacto-da-exposicao-ao-mercurio-na-memoria-de-longa-duracao/


ECO DEBATE. Uso de mercúrio nos garimpos de ouro é uma ameaça tóxica em escala global. Site de informações, artigos e notícias socioambientais. 2009. Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2009/01/28/uso-de-mercurio-nos-garimpos-de-ouro-e-uma-ameaca-toxica-em-escala-global/


SENADO. Chega ao Congresso projeto que permite mineração em terras indígenas. Da Redação, 06/02/2020. Agência Senado. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/02/06/chega-ao-congresso-projeto-que-permite-mineracao-em-terras-indigenas


UOL ECONOMIA. Seguro para investimentos. s/d. Disponível em: https://economia.uol.com.br/reportagens-especiais/proteger-carteira-de-investimentos-hedge-seguro-crises-mercado/#page3


WIKIPEDIA. Ouro. s/d. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro

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