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Desmatamento, Alterações Climáticas e Pandemia: relação causa e efeito, “bombástica”.

Atualizado: 26 de abr. de 2021

XAVIER, Josilda B.L.M. [1]



Com a Revolução Industrial (Inglaterra, Sec. XVIII - XIX), período no qual houve a substituição do trabalho artesanal pelo trabalho assalariado e o uso das máquinas substituindo a manufatura (SÓ HISTÓRIA, s/d); o sistema capitalista é iniciado enquanto sistema econômico que passou a nortear as atividades humanas em nível de relações de trabalho, de sobrevivência e com o ambiente. Com isso, a população que antes estava, prioritariamente, concentrada na zona rural, começa a migrar para a zona urbana, dando início a um novo tipo de organização social que tem sido “agressivo e predatório aos ecossistemas, (...) insustentável e gerador de uma série de danos ambientais, dentre os quais inúmeros riscos à saúde das populações silvestres e também, humanas” (CANO, 1989 in MARTINS, 2012).


A concentração populacional nas zonas periféricas das grandes cidades de todo o mundo, inclusive no Brasil, tem, ao longo do tempo, promovido o desmatamento da vegetação nativa que naturalmente circundam as cidades ou cobrem morros e serras que constituem sua topografia. Os impactos ambientais dessa ação, têm sido discutidos por pesquisadores de vários países, incluindo a Agência da Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre as consequências mais graves, se destacam o Aquecimento Global e o surgimento de surtos epidêmicos que podem gerar pandemias como a que estamos vivenciando desde fevereiro de 2020, a COVID-19.


Em entrevista, "a médica espanhola María Neira, diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que a pandemia do coronavírus é mais uma prova da perigosa relação entre os vírus e as pressões do ser humano sobre o meio ambiente” (OBSERVABR, 2021). A pesquisadora lembra como os vírus Ebola, SARS e HIV, por exemplo, “saltaram de animais para os seres humanos depois da destruição de florestas tropicais, e insiste na necessidade de que governos e indivíduos compreendam que a mudança climática é um problema de saúde pública, não uma questão de ecologia ou ativismo” (OBSERVAR, 2021).


Desmatar, destruir vegetação nativa para dar lugar a construções desordenadas de milhares de habitações nas periferias de cidades de grande e médio porte; devastar florestas tropicais para dar lugar a pastos ou monoculturas quilométricos, com a única preocupação de atender à única demanda do capitalismo / financismo, a obtenção de lucro acima de tudo, é a demonstração de que a “inteligência” humana e seu instinto de sobrevivência estão sendo, cada vez mais, embotados pela avidez desmedida de lucros altíssimos (trilhões de dólares), de um pequeno grupo, em detrimento da existência humana e planetária.


Não podemos esquecer a íntima relação que existe entre a vida (plantas, animais e humanos) e o sistema terrestre, que estão sendo colocados em perigo. Assim, a cientista, María Neira (OMS, 2021), mestra em saúde pública e nutrição, “propõe uma revolução saudável, positiva e verde, que tenha como pilar fundamental a rápida transição na direção de energias limpas. Segundo ela, países que decidirem trocar o petróleo e o carvão pela energia solar e eólica acelerarão seu crescimento e reduzirão a pobreza e a desigualdade" (OBSERVAR, 2021); do mesmo modo, pesquisas evidenciam que o fortalecimento da agroecologia, comprovam que “a combinação de saberes contemporâneos com conhecimentos acumulados através dos séculos pelos agricultores e agricultoras gera práticas que tangenciam em maior ou menor grau três elementos fundamentais relacionados com o aquecimento global: a menor emissão dos gases de efeito estufa, o sequestro desses gases que estão na atmosfera e a adaptação aos efeitos já percebidos desse fenômeno” (REVISTA AGRICULTURAS, 2011).


É preciso focar nossa atenção em busca de conhecimento e desenvolvimento de ações que modifiquem as práticas humanas que estão promovendo o aquecimento global, o desaparecimento da biodiversidade, e o surgimento de novas doenças causadas por microrganismos (vírus, bactérias, fungos) que “pulam” de seus habitats naturais (animais silvestres) para o homem, em consequencia de lhes ser “oferecidos” um ambiente ótimo para sua proliferação:


i) centenas/milhares de animais presos (porcos, aves etc.) para serem abatidos e usados como alimentação humana;


ii) destruição do habitat de hospedeiros naturais (morcegos, roedores etc.), para dar lugar a pastos ou monoculturas de soja / milho / trigo etc.;


iii) cidades com aglomerações populacionais em lugares onde o saneamento básico (água potável, esgoto, arborização etc.), não existe facilitando a propagação de vírus, bactérias e fungos patogênicos (causadores de doenças).


Desse modo, mudanças de comportamento humano em relação as florestas e vegetação nativa que ainda restam, bem como novas definições de verdadeiras necessidades para a existência de uma vida com qualidade ambiental, devem ser nossas prioridades.




[1] Docente do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNEB/DEDC/Campus VIII. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0838920937933125



REFERÊNCIA


BARBOSA, Wellynne Carla de Sousa. CONSEQUÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS DA EXPANSÃO URBANA DESORDENADA: UM ESTUDO DE CASO DA VILA ALTO DA RESSURREIÇÃO, EM TERESINA – PI. Revista Equador (UFPI), Vol. 5, Nº 3 (Edição Especial 02), p. 162 – 180 Home: http://www.ojs.ufpi.br/index.php/equador


MARTINS, Karla Gonçalves. Expansão urbana desordenada e aumento de riscos ambientais à saúde humana: o caso brasileiro. Universidade de Brasília – UnB / Faculdade UNB Planaltina; Planaltina, DF. 2012. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/4135/1/2012_KarlaGoncalvesMartins.pdf


OBSERVA BR. OMS: “70% dos surtos epidêmicos começaram com desmatamento”. 07/02/2021 - Observa BR. Disponível em: https://fpabramo.org.br/observabr/2021/02/07/oms-70-dos-ultimos-surtos-epidemicos-comecaram-com-o-desmatamento/


OMS NEWS. OMS alerta sobre impacto da mudança climática sobre a saúde humana. OMS News – Perspectivas Global. Reportagens Humanas. 3 de dezembro de 2019. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2019/12/1696531


REVISTA AGRICULTURAS. Revistas Agriculturas: experiências em agroecologia v.6, n.1 (corresponde ao v. 24, n. 4 da Revista Leisa). 2011. Disponível em: http://aspta.org.br/files/2011/05/Agriculturas_v6n1.pdf


ROSA, Mayra. Desmatamento é um dos principais causadores de surtos de doenças. 8 de abril de 2020. Ciclo Vivo #PorUmMundoMelhor. Disponível em: https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/desmatamento-e-um-dos-principais-causadores-de-surtos-de-doencas/


SÓ HISTÓRIA. Resumo - Revolução Industrial. (s/d) Disponível em: https://www.sohistoria.com.br/resumos/revolucaoindustrial.php






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